Eucaliptos clonados

Planta pode ser utilizada para a geração de energia, produção de farmoquímicos e na indústria alimentícia.
Atualmente, grandes, médias e pequenas empresas que utilizam matéria prima extraída da natureza têm buscado seguir normas voltadas à sustentabilidade. Isso já não é visto como um diferencial, mas, sim, como algo essencial. Em Alagoas não é diferente. Exemplos como o do cultivo dos eucaliptos clonados mostram que aqui no estado também existem empreendedores preocupados com o meio ambiente.

A muda de eucalipto clonado é produzida com material genético modificado e desenvolvido por empresas e instituições como a Universidade Federal de Viçosa/MG (UFV). As mudas clonais são mais resistentes a pragas e doenças, além de sobreviverem mais tempo na falta de água. Elas nascem e crescem mais rápido que as mudas convencionais, que em condições favoráveis só podem ser cortadas seis anos após o plantio. Já as mudas clonais podem ser cortadas em apenas quatro anos, além de nascerem árvores idênticas em aparência, mas com alta produtividade e que, em conjunto, formam uma floresta uniforme. Os eucaliptos possuem ainda mais uma vantagem: podem ser cortados e renascem por três ou quatro ciclos.

Ao perceber que os clones de eucaliptos vinham de estados como São Paulo, Espírito Santo e Bahia, o agrônomo Antônio Fidelis enxergou uma oportunidade e iniciou, em 2010, um dos primeiros viveiros de mudas de eucaliptos clonados no estado, localizado na chã do Pilar. Atualmente, ele é responsável pela produção de mais de 60% da demanda do estado, e, em 2014, já pensa em aumentar esse número para 80%.

Em seu viveiro, o agrônomo trabalha com as quatro espécies que melhor se adaptaram ao estado (Eucalyptus Urofila Hibridos, Urograndis, Grandis puras e Citriodora), aprovadas após um estudo com 40 tipos de mudas clonais e 10 mudas de sementes. A expectativa do empresário para este ano é vender três milhões de mudas clonais para indústrias que estão se instalando em Alagoas, produtores de cana-de-açúcar e agricultores para fins de reflorestamento.

Antônio Fidelis mostra que a eucaliptocultura pode ser uma alternativa não só para a natureza, mas também para geração de renda, já que tem uma rentabilidade 30% maior que a cana plantada nas áreas de encostas e uma porcentagem entre 60 e 70 a mais que a pecuária. “O eucalipto clonado se desenvolve bem, chegando a render duas ou três vezes mais por hectare/ano que a pecuária e uma vez e mais um pouco que a cana-de-açúcar, com bem menos trabalho manual”, frisa o empresário.

O agrônomo ressalta que o custo do plantio do eucalipto é semelhante ao da cana-de-açúcar, e traz benefícios para o meio ambiente que vão além do aproveitamento das áreas de encosta próximas a canaviais. Ele ainda relata que 50% das Áreas de Preservação Permanente (APP) em propriedades rurais poderão ser constituídas por eucalipto através do Cadastro Ambiental Rural (CAR), e que com uma área de plantação expressiva o produtor poderá até conseguir Créditos de Carbono, certificados emitidos para empresas que reduzem a emissão de gases do efeito estufa (GEE).

A utilização de biomassa vegetal para a indústria de cerâmica, a geração de energia, a produção de farmoquímicos, mais especificamente para revestimento de comprimidos, e a produção de película da pasta de celulose para a indústria alimentícia são outros pontos positivos dos usos do eucalipto clonado. “A planta ainda preserva e enriquece o solo, pois cai muita folha dela que gera matéria orgânica”, complementa Fidelis.

O presente e o futuro da eucaliptocultura em Alagoas

Hoje, Alagoas conta com 1.300 hectares plantados, com uma melhor adaptação da planta no norte do estado, na Zona da Mata e em partes do Agreste. O plantio e a utilização do eucalipto são fomentados através de um projeto criado em 2008 por instituições como o Sebrae Alagoas, a Secretaria de Estado do Planejamento e do Desenvolvimento Econômico (Seplande), a Secretaria de Estado da Ciência, da Tecnologia e da Inovação (Secti), a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Alagoas (FAEAL) e a Federação das Indústrias do Estado de Alagoas (FIEA).

Animado com as diversas possibilidades da utilização do eucalipto, Antônio Fidelis diz que o índice de produtividade da planta em Alagoas chega a ficar entre 15 e 20% maior que estados do Centro-Sul, como Minas Gerais, São Paulo e Paraná. O agrônomo já afirma com otimismo: “Daqui a cinco, 10 anos, Alagoas terá uma área plantada que pode chegar a até 35 mil hectares, e entre 10 e 20 anos o eucalipto será consolidado como a segunda maior cultura do estado”, finaliza, otimista, o empresário.

Fonte: 22.06.2013 - Folha de São Paulo


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